Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Agora a Sério

Um local sério para se falar das coisas sérias de todos os dias. Só para pessoas que se levam muito a sério.

Agora a Sério

Um local sério para se falar das coisas sérias de todos os dias. Só para pessoas que se levam muito a sério.

O meu novo cabide

amaralrita, 08.02.16

É daqueles episódios em que discordam de mim e depois vai-se a ver e tenho razão - e esse é um dos momentos mais felizes da minha vida.

 

É preciso comprar um novo armário para o quarto porque uma pessoa cresce e precisa de espaço para por a roupa. Eu sempre disse «vamos comprar um daqueles cabides com rodas que existem nas lojas, assim é só ter a roupa à mostra e utilizamos tudo à mesma».

 

Mas nunca me ligaram, nunca quiseram saber da minha ideia, preferiam gastar horas no website do IKEA a ver soluções quadradas, de madeira, armários grostescos que nada de moderno tem.

Eu queria algo fresco, simples, económico. Mas ninguém me ouviu.

Até que o armário pifou. O corrimão onde se prendia a roupa caiu com o peso. E foi assim, de repente, num domingo à noite.

 

Pronto e agora temos quilos de roupa para pendurar e as coisas não podem ficar assim.

O que se faz então?

Vai-se ao espaço casa comprar um cabide...o cabide que a Rita sempre disse que era melhor comprar...o cabide que é prático e barato.

É SÓ UMA SOLUÇÃO TEMPORÁRIA, disseram, porque o armário do IKEA ia ser comprado. Aquilo não era a solução para o problema do armário.

 

Mas eu já não queria ligar. Montaram aquilo no meu quarto e eu não quero outra coisa. Namoro-o todos os dias que olho para a minha roupa. É lindo, é perfeito, é da moda, é de cinema, é de parecer que entro no quarto e estou no armário privado da Vogue, é parecer que tenho mais roupa do que o normal, é parecer que estou na loja de roupa a comprar coisas, é parecer que até tenho roupa de jeito.

 

Isto já dura há duas semanas e no outro dia, ao deitar, tive a realização dos meus sonhos. «Olha, tinhas razão, foi uma boa compra. Isto até dá jeito».

 

Por isso aqui fica o meu conselho para todas as mulheres: lixem o armário e comprem uma coisa destas, que não há coisa mais linda do mundo.

 

9c965337b6bf8d98389e3ac999072588.jpg

 

A saga das compras

amaralrita, 30.11.15

Ah a Black Friday, ah o Natal, ah vamos às compras todos os dias porque nos apetece e tudo está com desconto e tudo é lindo.

Ah como era bom se isto tudo fosse verdade, porque meter-me num centro comercial nestas semanas devia ser o maior prazer da vida mas é uma tortura.

Mete-se a pata no local e sorrimos: agora sim, vamos começar a divertirmo-nos. E começamos o processo de compras.

 

Fase 1: leva-se tudo

Entramos na primeira loja e parece o Mundo Encantado dos Brinquedos, perfeito para princesas. Passamos então ao ataque e entramos no pesadelo. OH MEU DEUS, quero levar tudo: quero aquilo, aquilo de que preciso, aquilo de que preciso em doze cores, aquilo que tenho sete peças iguais no armário, aquilo que nunca utilizei na vida, aquilo de que eu não gosto, aquilo de que eu nunca vou gostar, aquilo naquela cor horrível que eu detesto. Não interessa se só existe o XXXL ou o XXS, eu quero levar tudo, eu vou levar tudo.

 

Fase 2: olhar para a carteira

Com tanta maravilha para os olhos começamos a olhar para a carteira: beeem, tudo, tudo, não pode ser, mas há algumas coisas que podemos levar, certo? Olhamos para o relógio, temos de nos despachar, as pessoas vão começar a levar tudo portanto esta é a hora de atacar. Pensamos mentalmente nas peças de que precisamos e daquelas que gostávamos de experimentar. E lá vamos nós.

 

Fase 3: tudo vale

Agora é a altura de pôr tudo nas mãos: Camisola branca? check. Casaco de inverno? Check. Botas altas, botas curtas, check, tshirts que podem dar jeito no próximo verão check, check check check. E siga para os provadores, mas na fila lembramo-nos: só podemos levar 8 peças. E implementa-se a estratégia do o que-se-experimenta-e-o-que-se-leva-para-experimentar. E o resto? O resto vai para o provador lá de casa não tem limite logo algumas peças experimentam-se em casa e outras na loja. E se não gostar? 30 dias para devolver - e esta é a maravilha do capitalismo ocidental europeu, meus caros, aproveitem.

 

Fase 4: ficar horas no provador

E agora sim começa a diversão...se as coisas corressem bem...

Ui isto não me fica bem...mas é com estas calças e se for com as calças que trouxe?

E um vestido? Se calhar preciso de ir buscar um vestido...

Ah raios preciso de um básico a ver como é que fica isto...

Será que isto fica bem com aquele colete que eu não uso há dois anos? Nunca se sabe...

Eu tenho mais tshirts pretas ou brancas? Quantos pares de calças é que tenho? Estas estão com desconto mas tem de ser o tamanho acima...

Entramos e saímos dos provadores, trocamos peças que as meninas dos provadores estão a arrumar, pedimos para nos ir buscar o tamanho acima e abaixo só para comparar.

Meia hora depois, de vestir e despir as mesmas peças dez vezes, de combinar e descombnar, cheia de calor, com os cabelos em pé e farta de olhar para o espelho, temos umas 4 peças para levar.

 

Fase 5: a consciência acorda

Lá vamos nós, a sair do provador, com quatro peças na mão, com sorte uma delas é o que realmente fomos comprar e o resto é o que se apanhou.

Estamos quase, só falta a caixa. Mas o problema é que na caixa se demora muito tempo e ficamos muito tempo a olhar para as peças...

as peças que nós vamos comprar...

as peças que são nada do que nós queríamos...

as peças que não são maravilhosas...

E começam as dúvidas...

Será que levo isto?

Será que quero mesmo isto? Bah, isto não está assim tão barato quanto eu pensava.

 

De repente entramos na fase 6...o cérebro começa a funcionar, a consciência aparece, o racionalismo intervém e pensamos "para que vou gastar dinheiro nisto se já tenho isto tudo?"

E entramos na fase 7: olhamos para o lado, saímos da fila, deixamos tudo na primeira prateleira e vamos embora.

 

A tristeza de um dia de compras que não foi.

A tristeza de um sonho perfeito que ficou arruinado porque não há nada de jeito.

A tristeza de uma paixão que não se concretizou porque não se encontrou a cara metade perfeita.

A tristeza de uma manhã passada à procura de algo quando o que se realmente queria era que nos oferecessem uma mala Chanel para ficarmos com a vida feita.

 

Ai ai

 

Tanto se experimentou mas não se gostou de nada.

Mas não aceitamos a derrota! Vamos encontrar algo de jeito.

Saímos da loja, entramos na próxima mas nada parece o mesmo. As compras já não são cor-de-rosa, as botas já não brilham, os cachecóis parecem mantas de retalho, as malas parecem sacos de pano.

Mas continuamos à procura, à procura, à procura...até que paramos, abrimos os olhos e lembramo-nos:

"Posso sempre comprar um McFlurry!"

 

E lá vamos nós, antes de almoço, a correr para o McDonalds afogar as mágoas num gelado, porque um gelado cheio de calorias deixa-nos ricos e prontos para enfrentar um dia com roupas tão demodé que até uma pessoa mal vestida iria olhar-nos de esguelha.

 

Gostar de compras não é fácil, fica aqui escrito, a desforra está para vir.

 

50 coisas que pensas quando vais de viagem

amaralrita, 09.11.15

As etapas de um longo processo para se ir de viagem, no sabádo de manhã e voltar domingo à noite.

(na véspera)

1. Boa vou de viagem taaao bom

2. Que seca tenho de fazer a mala

3. É melhor fazer de véspera

4. O que é que eu levo?

5. Vai chover ou vai estar frio? E se tiver chuva e frio?

6. Botas ou ténis?

7. Posso levar uns saltos altos de reserva?

8. E vestido? Se levar uns collants grossos não apanho frio

9. Quantas cuecas é que preciso para 1 noite?

10. Vou estrear a minha camisola nova

11. E as calças

12. E as botas

13. Botas altas ou curtas?

14. Bem, isto já está muita coisa, se calhar arrumo amanhã

 

(na manhã seguinte)

15. Eish tenho de fazer a mala

16. Onde é que está o meu champô?

17. E o creme da cara, e das mãos, e do corpo? E o sérum e a base e o creme de noite?

18. NÃO me posso esquecer do pijama

19. Pronto, agora vai tudo lá para dentro

20. A mala é demasiado pequena, preciso de outra maior

21. Yes esta cabe tudo....

22. ...se eu não levar 4 pares de botas

23. Se calhar levo só estas

24. E deixo isto

25. E isto

26. E isto (uma tshirt em Novembro dá jeito a alguém?)

27. Pronto, cabe quaaaase tudo

28. Nop, não cabe o casaco

29. Troca de mala

30. Mas aquela é demasiado grande

31. Então tira mais coisas

32. Proooonto a camisola nova fica cá

33. Yes, está tudo, conseguimos e ainda temos tempo para tomar o pequeno-almoço

 

(20 minutos depois)

34. Pronto, last round check

35. Abrir a mala e espreitar: tá, tá, tá, tá, tá tudo óptimo

36. Escolher cd's para a viagem

37. Hmmm este pode ir, este também e o outro também

38. Esta caixa está vazia, será que já está no carro ou está na aparelhagem do quarto?

39. Estamos atrasados

40. Pronto, não interessa lá vamos nós

41. Vestir casaco, por mochila às costas, mais uns sacos, buscar uns snacks, mega garrafa de água, fechar a casa e siga

 

(no carro)

42. " Trouxeste isto?"
43. "Sim" (yap, não falhei)

44. "E aquilo?"
45. "Também" (ainda bem que espreitei a mala antes de sair)

46. "a  bolsa vai na mala lá atrás?"
47. "Sim está tudo" (que profissionais!)

 

(na auto-estrada a 1 hora de viagem)

48. Trouxe os livros para estudar?

49. Trouxe escova de dentes?

 

E o último pensamento que acontece demasiadas vezes

50. Merda, aposto que me esqueci do pijama.

 

Saldos

amaralrita, 29.06.15

Hoje é dia 29 de Junho e já recebi uns três ou quatro emails a anunciar os Saldos de Verão e as lojas já estão todas equipadas para a selva que vem aí. Sim estamos em Junho ainda e já há saldos há mais de uma semana.

 

Há apenas três coisas que vou dizer sobre este assunto:

 

1. No meu tempo os Saldos só começavam dia 15 de Julho. Depois passaram a começar oficialmente dia 15 de Julho, porque como ficámos um bocadinho mais pobres, as pessoas precisavam de uns trapozinhos para irem para o Algarve no final de Junho - e foi assim que apareceram as promoções. O povo ficava doido mas a pura da loucura só começava mesmo com os Saldos oficiais, em que toda a loja se rendia a um espectáculo de feras de fazer inveja ao Cardinali.

Agora já não há datas oficiais de nada, os Saldos é quando as marcas quiserem escoar produto, para chegarmos a Agosto e já haver aquele cantinho a dizer "Nova Colecção", que é nem colecção Meia Estação nem é Colecção Outuno, é apenas um par de peças novas para incentivar o consumo.

 

2. O facto de os Saldos começarem bastante mais cedo só mostra que nós estamos pobrezinhos, desesperados por comprar tudo e não pagar nada por isso. O povo é chique, gosta de andar sempre bem arranjado e não podemos dizer aos amigos e à família que adiem os casamentos, baptizados e despedidas de solteiras só porque aquele vestido lindo de morrer ainda não custa menos de 100 euros. E além disso, o povo está cada vez mais exigente, desde quando é que já se viu uma camisa branca da Primark custar 13 euros? Devia ser seis euros e já é caro. Biquinis a 20 euros? Devia ser três euros a parte de cima e a debaixo um euro e vinte cinco cêntimos.

 

3. Os Saldos começaram mais cedo. Eu não estou preparada para isto. Nem eu nem a minha carteira. Queríamos manter-nos sóbrias por mais uns dias mas está difícil não cair na tentação.

 

Só uma última reflexão: porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê?

 

Adeus, calças brancas 38

amaralrita, 21.04.15

É daquelas coisas que não faz sentido. Que me podem explicar e eu não vou entender. Que me vão mostrar estudos científicos e eu mesmo assim não vou acreditar. É que não cabe na cabeça de ninguém.

Então isto é assim. Eu quando tinha 15 anos era magrinha, adorava usar aquelas minhas calças brancas 38 da BSK (e elas estavam largas) e não fazia nada da vida: fingia que corria nas aulas de Educação Física duas vezes por semana, comia todas as porcarias do mundo, se bebesse um copo de água por dia era muito, não sabia o que era chá, não entravam vegetais em casa e passava a vida a comer bananas. Não havia cuidado nenhum mas era magra.

Sete anos depois, houve uma revolução: faço exercício quase todos os dias (e fico a suar), desapareceram os donuts e os croissants, eu e a aveia e o farelo de trigo somos o trio maravilha, não sei o que é comer alguma coisa com manteiga, bebo um litro de água e um litro de chá por dia e o meu frigorífico está cheio de gelatina, morangos, saladas e legumes. E fica agora a pergunta: como é que eu não cabo nas calças brancas 38?

Bem, a verdade é que há uns anos para cá as grandes lojas metem as roupas numa super máquina de lavar e todos os tamanhos diminuem. As minhas calças brancas agora devem ser um 36 a puxar para o 34. E que também isto da idade e das hormonas influencia o peso.

Mas como é que é possível?

Será que há algum ingrediente mágico nos waffles de chocolate que se vendem nas máquinas da faculdade que nos fazem emagrecer?

Será que os sundaes do McDonalds têm cafeína que ajuda na queima de gordura?

Será que as pizzas da Pizza Hut são afinal sem glutén e o queijo derretido é queijo magro?

Será que dar três voltas ao campo de futebol meio-a-correr-meio-a-andar queima mais calorias do que uma aula de spinning? 

Será que a partir dos 20 anos o oxigénio que respiramos começa a contar como calorias?

A sério que não percebo e nunca vou perceber.