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Agora a Sério

Um local sério para se falar das coisas sérias de todos os dias. Só para pessoas que se levam muito a sério.

Agora a Sério

Um local sério para se falar das coisas sérias de todos os dias. Só para pessoas que se levam muito a sério.

As coisas que eu não devia ter pensado quando cheguei ao Porto

amaralrita, 13.05.15

Vocês já percebem mais ou menos como é que a minha cabeça funciona e os seus pensamentos estranhos. Mas agora vão perceber que ela é verdadeiramente perigosa, numa rubrica que se resume como As-Coisas-Que-a-Rita-Não-Devia-Dizer-Mas-Diz.

Há duas semanas fui ao Porto para passear a sério. Ia aproveitar os dias para conhecer vários locais e então precisava de informações para poder conhecer a cidade e também sobreviver. 

Antes de vos dizer o que disse e não devia ter dito, vocês têm de entender que eu sou uma pessoa muito "inocente". O meu entusiasmo de fazer coisas novas leva o melhor de mim e os meus neurónios deixam de funcionar racionalmente porque nesses momentos eu sou pior que uma criança de 3 anos. Sim, eu fico entusiasmada de ir ao Porto, eu sou modesta e contento-me com pouco, ok?

E nos momentos de começar a fazer coisas novas, o meu cérebro começa a disparar para todos os lados e produz os estranhos resultados.

 

Mal me encontro com os meus amigos que me vão deixar dormir na sua casa pergunto-lhes:

 

- Onde é que se comem francesinhas?

Tipo não é pecado ir ao Porto e não passar o dia a comer francesinhas, eles não vivem só disso.

 

- A Rotunda da Boavista é a Praça de Espanha cá do sítio

Nem está há dez minutos no Porto e já faz comparações com Lisboa

 

- Preciso de tomar o pequeno-almoço, qual é a Padaria Portuguesa mais próxima?

Again, pára com as referências

 

- Caso eu me perca e esteja a morrer de fome, onde é que é o Mac?

Eu NÃO vim para o Porto para comer Mac mas esta pergunta é legítima.

 

- Olha, Pastéis de Nata

Há em todo o lado, sabes?

 

- Os postais aqui são diferentes

Pois nos postais não aparece a Torre de Belém nem o Terreiro do Paço, porque isso é outra cidade...espantoso, não acham?

 

- Há por aqui algum Starbucks?

Juro que achava que havia porque eu não sabia que vivia num mundo em que o Porto não tem Starbucks. Pronto tem o Costa Caffee, é a mesma coisa.

 

 

Eu não tenho culpa, as sinapses são tão rápidas que não dá para lhes por um travão e as minhas cordas vocais parecem pulguinhas excitadas em produzir som a toda a hora e pronto, já não consigo parar a tempo de não dizer as coisas que digo. Se estão com medo, não se preocupem, que o curto circuito dura pouco tempo. E se acham que a minha cabeça esgota ideias, não se preocupem que vai haver muitas mais edições desta rubrica.

 

7 Regras para se ser um turista a sério

amaralrita, 06.05.15

Eu sou uma pessoa de factos e teorias científicas altamente comprovadas pela minha própria pessoa e testadas somente na minha experiência. E com a minha mais recente visita ao Porto, consegui finalmente teorizar como se deve ser um bom turista.

 

A primeira coisa que devem saber é que o meu método é universal: pode ser usado em qualquer cidade do mundo e dá para qualquer pessoa. Se acham que é um plano demasiado rigoroso, temos pena, vocês não são turistas profissionais e são uma vergonha para esta mui nobre profissão. Deixem-se de fitas e façam o plano e vão ver como se vão sentir mais confiantes e determinados em explorar este e outro mundo.

 

Regra número 1: preparar o estaminé, que inclui mochila, carteira, máquina fotográfica, garrafa de água, guarda-chuva. Se quiserem ainda uns snacks, tudo bem, mas mais vale ficar à mercê da comida da cidade e destruir a conta bancária na rua.

 

Regra número 2: fazer uma lista de sítios a visitar, mas com a atitude de que pelo meio já não se vai visitar nada. Toda a cidade consume o turista e no segundo dia já nos perdemos. Mas não tem mal, é tudo parte da experiência.

 

Regra número 3: tirar fotos é como os chineses: carregar no botão e disparar para todos os lados, cima, baixo, céu, tecto, chão, cave, pomba, pato, lagartixa...toda a foto é uma boa foto!

 

Dou a dica de não esquecer de tirar fotos com o telemóvel para se poder postar logo no Instagram - mas não é para postar LOGO! Há sempre uma foto melhor do que a a seguir e, por isso, na pausa do almoço, deve-se escolher a fotografia a postar. E nada de saturar o feed, já meio mundo sabe que estamos naquela cidade e nem toda a gente tem de saber todo o quilómetro quadrado que pisamos. Deve-se postar para os outros ficarem com inveja mas curiosos para saber mais - é o equilíbrio perfeito.

 

Regra número 4: Se é para ser turista a sério é para ter a mente aberta: está ali uma igreja? E ao lado outra igreja? e um museu? e um jardim? e uma loja de flores? e uma outra igreja? e uma outra praça? e um restaurante com coisas típicas? E isto e aquilo? Meus caros, é para fazer tudo!

É para ir ao museu e ver as peças todas em todos os pisos; é para ver a igreja e ver as figurinhas todas; é para ir ao jardim e ler as placas com todas as espécies de flores lá metidas. Se for para visitar Portugal, podem deixar algumas coisas para outros fins-de-semana, que uma segunda visita pode ser planeada com mais cuidado e ser melhor do que a primeira vez. Agora se vão para as Malásias e as Tailândias desta vida, por favor, fiquem acordados das 6 da manhã até às 2 da madrugada, para aproveitar dia, noite, sol, chuva, estrelas, candeeiros de rua. As cidades demoram anos a serem construídas mas nós só temos 5 dias para ver tudo. 

 

Regra número 5: mapas são coisas do passado. Há smartphones, há GPS, há Google Maps. Se o telemóvel decidiu ser estúpido sigam o método dos animais. Sigam a manada, principalmente a que tem europeus ricos, que andam com os livros, ou os simples chineses, que estão todos em linha. Eles sabem para onde vão e nós vamos com eles.

 

Regra número 6: saber onde é o MacDonalds é importante mas só em caso de SOS. Os primeiros 3 kilos que vamos engordar devem ser de origem gastronómica tradicional da cidade e o restante deve ser cafeína, talvez do Starbucks. Se as ofertas gastronómicas não forem nada atractivas, podemos engordar até 4 quilos e só podemos consumir um kilo de Nuggets. Nuggets é refeição, não é para petiscar, por isso não abusem.

 

Regra número 7: transportes públicos com muita moderação e táxis só para se sair à noite. De resto faz-se tudo a pé. Dá para conhecer as lojinhas, a comida de rua, os pombinhos, tudo. E deixem-se de mariquices. Tou-me a cagar se Londres é dez vezes maior que Amesterdão: andar faz bem e ter bolhas nos pés é sinal de riqueza no futuro, como manda a sina. Liguem as pilhas e ponham-se a andar.

 

Este é o guia de principiante. Devem seguir todas estas regras de forma religiosa nas vossas primeiras dez viagens. Depois, podem adaptar os vossos próprios planos mas vão perceber que o meu plano é infalível e nunca mais na vida se vão perder. Palavra de turista profissional!

Coisas sobre o Porto

amaralrita, 04.05.15

Pois é, fui passar um fim-de-semana no Porto e com a quantidade de coisas que quero dizer, parece que foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos. Sim, passar três dias no Porto a chover a potes foi extremamente emocionante e andei tanto mas tanto que consegui reflectir sobre muita coisa:

 

- O Costa Café é o Starbucks português e toda a gente conhece lá fora, mas eu nunca o tinha visto.

 

- A calçada do Porto é mil vezes melhor do que o Terreiro do Paço. Para quem ama andar de saltos altos agulha de 20 centímetros, está aprovada.

 

- Em Lisboa a praga são os pombos mas no Porto há pombos E gaivotas nos jardins. Estou solidária com os portuenses porque lidar com isto não é fácil.

 

- Se achavam que eu ia deixar de fazer exercício físico nestas mini-férias, estão enganados, que subir a Torre dos Clérigos é um treino de pernas de alto rendimento. A dorzinha do músculo tonificado sente-se logo.

 

- E andar meia hora com o guarda-chuva aberto? Só o trabalho de bícep vale por 100 flexões. Estou arrumada este mês.

 

- E mais, a Torre dos Clérigos está tão bem conservada que sujei o casaco e as mãos nos corrimões das escadas. Bem me avisaram.

 

- Não sei porquê, mas no Porto tudo parece mais arrumadinho, meio moderno, meio século XIX, mas com um ar mais rústico. Não sei, mas sei que é bonito, sim senhora.

 

- Por falar em bonito, sim, confirmo que as três pontes são muito bonitas, mesmo à chuva, mas eu continuo a adorar a Ponte Vasco da Gama que vejo da minha casa. Talvez um dia com mais sol, vá. Sorry, but I can't.

 

- A Avenida dos Aliados faz-me lembrar a Londres da Mary Poppins. Ou o espírito de Os Maias. Faz todo o sentido e para quem não faz, não me vou explicar.

 

- Estava a achar que o meu fim-de-semana estava arruinado com a chuva mas depois de uma senhora da bilheteira do elevador me ter perguntado onde eu tinha comprado a minha mochila Longchamp porque a minha mala era melhor do que as que as espanholas e as chinesas usam, ganhei o dia. Tão querida!

 

- Eles aqui no Norte levam as passadeiras a sério: esperar pelo sinal verde e atravessar no sítio. Tentei fazer uma à moda de Lisboa e ia levando com um autocarro em cima. Mas é assim que deve ser, não é?

 

- Eu achava que ia andar no Porto a ver ingleses todos contentes mas só ouvi falar francês (ricos dos suiços) e espanhol (mas esses já fazem parte da mobília, não é?)

 

Se acham que era só isto que eu tinha pensado enquanto estive no Porto, enganem-se, que esta cabeçinha pensa coisas parvas que servem para o ano inteiro. Mas amanhã falamos, pode ser?