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Agora a Sério

Um local sério para se falar das coisas sérias de todos os dias. Só para pessoas que se levam muito a sério.

Agora a Sério

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O tempo nas Caraíbas

amaralrita, 06.07.16

Fala-se do verão e de praia e a primeira coisa que se pensa é: aiii como eu gostaria de estar nas Caraíbas.

Sim, as Caraíbas, aquelas ilhas em que não há verão nem inverno, todo o ano é dia de sol e calor, há praia calma e com água quente (nunca ninguém demora mais de 10 segundos a entrar no mar), os resorts de cinco estrelas, as cenas baratas, a falta de stress...ai ai como seria bom voltar às Caraíba (sacana da pirralha, ela não quer ir às Caraíbas, ela quer VOLTAR, mesmo a gozar com a nossa cara!).

 

E uma pessoa sonha e sonha com o paraíso até comparar os preços para viajar para lá e a conta bancária. É impossível, nunca será possível, porque estás tão longe, paraíso dos sumos de fruta e bronzes lindos?

 

Anda aqui uma pessoa a sonhar com as Caraíbas - até que sai de casa e vê que estão 30 graus às 9 da manhã; que o sol está altíssimo o dia todo; sua-se mais do que se respira; o céu está cinzento com nuvens altas e já dizem que vai chover o dia todo.

E eu penso: para quê gastar 1000 euros para atravessar o Atlântico quando posso descer 6 andares e entrar numas Caraíbas citadinas, em que há gelados Olá em cada esquina e há relvados interessantíssimos na Alameda mesmo óptimos para ver o Europeu?

 

Comecem a pensar sobre isso: vender Lisboa como a cidade hip-mas-tradicional, sítio de hamburguerias gourmets, rooftops chiques, festivais de streetfood que é só fastfood numa camioneta gira - e ainda as novas Caraíbas citadinas da Europa. Vou patentear esta ideia e depois quero as minhas comisões quando isto arrebentar. Obrigada.

 

Este Fevereiro

amaralrita, 29.02.16

Este Fevereiro...nem vou comentar. Porque não sei o que é pior.

 

O facto de ter 29 dias...

O facto de ter chovido granizo...

O facto de ter chovido granizo na mesma semana que teve um calor de verão...

O facto de ter estado frio em Lisboa pior que na Serra da Estrela...

O facto de o Carnaval ter sido morno...

O facto de ter visto a 2ª Circular, a IC19 e a A5 cortadas...

O facto de ter usado galochas e sandálias na mesma semana...

O facto de ter sujado um vestido de gala...

O facto de ter enfardado fast food em três dias...

 

Não faço puto de ideia o que lhe deu na cabeça para ser tão esquizofrénico. Só espero que Março seja calminho, que eu já estou a desesperar pela Primavera!!

 

Fenómenos de Verão

amaralrita, 15.07.15

Estamos a meio de Julho, parece que já não vem chuva nenhuma, o Algarve já está a bombar logo é mesmo Verão, não é?

Pronto, é agora que começa a minha depressão de quando-é-que-começam-as-minhas-férias. Mas enquanto isso não acontece, lá temos de viver o Verão em Lisboa, o que levanta algumas peripécias, que não têm piada nenhuma. Até a minha ironia (ou melhor, honestidade pura) deixa de estar tão engraçada com estas temperaturas, com esta moleza de que nada acontece:

 

- Sentar e levantar da cadeira com vestido ou saia é fantástico para se ficar com uma leve camada de suor nas pernas. Di-vi-nal;

- Sair de casa e passado uma hora querer trocar a roupa encharcada de suor também é uma sensação de outro mundo;

- Deixar o cabelo secar ao natural é bastante eficiente: ele fica tão tão tão seco que vira palha;

- Fazer a depilação nas pernas e três dias depois já está tudo na mesma. Ser mulher é difícil.

- Ficamos castanhos na pele e castanhos nos pés: usar sandálias é sinónimo de pés sujos, secos, suados, com bolhas e feridas e restos de verniz mal pintado. Blheca.

- Os homens importantes lá continuam a utilizar fato E gravata. Chama-se exercício passivo e lá se vão três quilos.

- Quer ir àquela esplanada gira? Está cheia. Quer ir àquele café mais escondido? Já fechou para férias. Quer ir finalmente sair à noite? Está tudo em Vilamoura. Mais vale ir com os primos bebés ao parque e levar o último livro do Nicholas Sparks.

- A única coisa que se pode safar é os jantares e os festivais de verão e as barraquinhas de comida na rua. Mas não sei se me faz bem ao ego ouvir: "olha vamos marcar café? Voltei hoje do Algarve, que é que se faz por cá?".

- Ir para a praia é só ao fim-de-semana e vamos todos motivados até que vemos a fila para a ponte. Vai ser uma sorte encontrar um lugar no meio de famílias que montam um estaminé que rivaliza as melhores rulotes dos parques de campismo.

- Por falar em Parques de Campismo, ter férias perto da capital é sinónimo de virar bicho do mato. É literalmente ir uma semana para o mato.

- Beber água é pior que respirar. Parece que temos de andar com um garrafão de cinco litros atrás.

 

Fica assim este post como aconchego para as alminhas que espalham o não bronze pela Baixa ao lado de ingleses com bronze de lagosta a gastarem notas de 50 em gelados do Santini enquanto comentam que voltaram do Allgarve. Vidas tristes.

 

Verão: Calor ou chuva?

amaralrita, 02.07.15

Sabem, há muito que queria desabafar com vocês sobre o calor infernal que se vive em Lisboa. Esqueçam o calor dos 32 graus que só aconteciam em dois dias e a cidade toda protegia-se indo para a praia. Isto agora começa nos 35 e as noites de verão lindas e perfeitas desapareceram, com o vento que se põe. Cá para mim mudei-me para o Egipto e ninguém me avisou.

 

É fantástico usar sandálias e vestidos e não andar com casacos atrás mas estamos a chegar ao cúmulo do exagero. Isto já não é calor, isto já é uma sauna. Já nem vale a pena mandar as pessoas para o Inferno - até o inferno parece mais fresco do que Lisboa neste momento. Como é que se sobrevive a isto? Vou viver para um frigorífico? Uso biquini na rua? Mudo-me para grutas? Emigro para o Pólo Norte? Mais uma gotinha de suor a dar festinhas nas minhas costas e eu saio deste planeta.

 

Esta minha raiva poderia acalmar com a descida da temperatura - uns fantástico 28 graus todos os dias com o céu azul e o Verão estava feito - mas nãããão. Isto um dia estão 35 graus, no outro acorda-se com o céu cinzento e no dia seguinte há previsões de chuvas. Mas vai chover porquê? Se eu quisesse chuva e calor ia viver para as Caraíbas. Mas ninguém percebe o mal que isto faz ao meu cabelo? Um dia está lindo ao sabor do vento e no outro está liso e oleoso. E à minha pele? Então um dia anda a espalhar brilho e bronze pela Avenida da República e no dia seguinte chora debaixo de calças e mangas?

 

Nem sei o que pedir para parar isto: se um grupo de assistentes que me abanem aqueles leques monstruosos à lá Cleópatra ou se compro umas Hunter agora para os Saldos. Enquanto isso, quero o livro de reclamações, se faz favor.

O que eu não percebo nos Santos Populares

amaralrita, 12.06.15

Chegou a noite em que Lisboa se torna ainda mais bela, chegou a noite em que Lisboa mostra toda a sua tradição, chegou a noite em que Lisboa vive tudo aquilo que tem para dar. Só tem o grave problema de ser a pior noite do ano.

 

Eu sou toda a favor dos Santos Populares, das marchas, dos manjericos, das sardinhas, das cervejas, do convívio, enfim, eu sou por tudo! Mas é tão chato tornar a noite de 12 de Junho interessante. É que não dá, porque as pessoas todos os anos fazem as mesmas asneiras, queixam-se de que a noite foi uma confusão, prometem que nunca mais regressam mas no ano seguinte fazem tudo outra vez, como se não lembrassem de nada!

 

Por favor, se vão aos Santos hoje à noite pensem duas vezes e arranjem uma estratégia decente. Deixem de fazer o que toda a gente faz e perguntem-se a vocês próprios se vale a pena cometer os mesmos erros. Examinem bem a vossa vida e não tenham estas ideias brilhantes.

 

Temos de ir a Alfama - mas porquê temos? Até há Santos na margem sul, porquê ter de ir a Alfama?

 

Andar de um lado para o outro a encontrar pessoas - só há pessoas na rua, para quê acharmos que somos especiais e vamos ser aqueles que vão mesmo encontrar os amigos?

 

Comunicar por telemóvel - já toda a gente sabe que não há rede mas não custa tentar.

 

Procurar pela cerveja mais barata - tipo é os Santos, está tudo ao mesmo preço inflacionado, se não tens dinheiro, fica em casa.

 

Querer a sardinha especial - se não há aqui, há na banca a seguir, e na a seguir, e na a seguir, e na a seguir, e na seguir, e na seguir...então a perceber, não é?

 

Eish não me apetece ficar aqui - mas será que é melhor andarmos aos encontrões só para andar meio metro? Fiquem num sítio só, se faz favor.

 

Vamos ver a festa nas Portas do Sol - chegamos lá e já não há festa nenhuma, qual é a parte do vamos ficar quietos num sítio a conviver que as pessoas não percebem?!

 

Está na hora ideal de irmos à Sé - e é a hora ideal porque é a hora que toda a gente também vai.

 

O mais fácil é voltarmos de taxi para casa - esperar duas horas em pé na fila não é o meu conceito de fácil, mas pronto.

 

Ah eu levo carro, eu conheço um sítio em que há sempre lugar - deve haver lugares para estacionar ilimitados em Lisboa.

 

Esperamos até as 6 pelo metro - mas espera bem porque não vais apanhar nem o primeiro nem o segundo.

 

Eu vou sair com uns amigos mas encontramo-nos em Santa Apolónia para voltarmos para casa juntos - boa sorte nisso, vemo-nos em Setembro, então.

 

Encontramo-nos no Terreiro do Paço e depois logo se vê - lá diz o ditado, é mais fácil subir do que descer.

 

Eu contra mim falo porque já sei que vou sair, já sei que vai correr mal, já sei que me vou chatear, já sei que vou acordar mal no dia a seguir, já sei disso tudo. Mas vamos à mesma, porque do que o português gosta é de festa.