No Dia dos Namorados
Depois de ver muita coisa escrita do Facebook, de inspeccionar as minhas memórias, de fazer um vox pop imaginário na minha cabeça e de longa reflexão de todas estas informações, permitam-me que falemos a sério sobre o Dia dos Namorados:
A sério que os namorados aproveitam esta altura para ir à falência?
A sério que os namorados não fazem ideia que presente dar? Ou que têm de dar presente?
A sério que as namoradas acham que eles só gostam de lingerie?
A sério que têm de ir jantar ao restaurante chique da cidade?
A sério que tem de se planear o fim-de-semana inteiro exactamente quando meio mundo também quer passar o fim-de-semana fora?
A sério que depois do Natal ainda não saímos do vício de devorar caixas de chocolate?
A sério que as solteiras juntam-se todas para afogar as mágoas? Ou fazem uma festa do pijama a devorar gelados, chocolates e filmes dos Nicholas Sparks?
A sério que os solteiros juntam-se todos para ir para o engate? Ou ficam no bar a gabar-se do quanto vão poupar este ano por não ter de oferecer nada a ninguém?
A sério que as solteiras e os solteiros têm de ir para o Facebook espalhar a benção divina que é serem solteiros, reis da sua vida e livres para ficar em casa a uma sexta noite e quiçá no futuro ir morar para Singapura?
Ai, ai, meus caros, acho isto um circo, uma brincadeira, uma fantochada. Acho que é só mais um domingo mas todo o mundo está em euforia: os solteiros porque são solteiros; os solteiros porque não queriam ser solteiros; os namorados porque são namorados; os namorados porque não queriam ser namorados. E cada um puxa por si e ninguém tem razão.
Como é que se pode levar isto a sério?
Pois, acho que afinal não é um assunto tão sério quanto isso. Mas se é sério para algumas pessoas, não tornem nisto numa novela. Para descomplicar, fica o conselho dos meus pais que resulta há anos: um jantar fora e o relógio do Dia dos Namorados da Swatch e vive-se um dia feliz.
Corações pirosos para os pombinhos e shot de tequila para os solteiros (não, por favor).