Páginas de histórias #1
No livro O Clube de Cinema, de David Gilmour, o protagonista, um pai de 40 anos, está no metro e encontra uma antiga paixoneta. O acontecimento leva-o a fazer uma reflexão sobre a vida. No momento em que li esta passagem soube que a tinha de anotar em algum lado, porque mas verdade do que isto não há.
Leiam também:
Tinha o cabelo mais comprido, mas parecia não ter mudado, estava ainda muito parecida com a altura em que me disse aquelas terríveis palavras. Inclino-me a ensar que já não estou apaixonada por ti.» Que frase! Que escolha de palavras!
Durante seis meses, talvez um ano, já me esqueci, tinha sentido a sua falta com a intensidade de uma dor de dentes. Tínhamos partilhado tantas intimidades nocturmas, ela e eu, coisas só nossas que dissemos, coisas só nossas que dizemos, e agora, estávamos os dois sentados na mesma carruagem de metro sem nos falarmos; o que me teria parecido trágico quando era mais novo, mas que me parecia agora, não sei...a triste realidade da vida. Não é fantástico, nem triste, nem obsceno, nem hilariante, é apenas uma coisa normal; é o mistério de como as pessoas entram e saem das nossas vidas que acaba por não ser assim tão misterioso. (Afinal de contas, elas têm de ir para algum lado).
p. 122