Eu detesto pão
Acho que depois do que vou dizer, vão-me tirar a nacionalidade: eu detesto pão. Eu abomino esse monte de farinha e cereal e ovos. Eu vomito cada vez que vejo:
Aqueles pãezinhos da avó, da padaria do meu bairro, mal cozidos, com a côdea bem estaladiça, que se come sem nada, de uma vez só, um depois do outro;
Aquele pão de forma perfeito para torradas gordas besuntadas de manteiga gorda dos Açores ideais para um pequeno-almoço num dia deprimente de Inverno;
Aquele pão alentejano de trinta metros que faz as melhores tostas do universo;
Aquela broa de milho bem artesanal que se come para se ter um dia mais feliz;
Aquelas baguetes que se cortam às fatias para torrar no forno e colocar manteiga de alho;
Aquele pão de alho que pode ser fofo ou estaladiço;
Aquele pão de queijo com bocadinhos de bacon ou aqueles chessy bites da izza Hut que se comem como se fossem pipocas;
Aquele pão de sementes cheio de fibra, comido como a sandocha perfeita de queijo fresco, salmão fumado, tomate e alface (detesto-te, Vitaminas).
Aquele pão prokorn, escuro e estaladiço que o pessoal do saudável usa e abusa;
Aquele pão Bimbo com pasta de atum que desenrasca qualquer um que acordou tarde e tem de ir para a praia;
Aquele pão de hamburguer do McDonalds que já criou uma das maiores discussões do mundo mas que ninguém o nega;
Aquele pão bolo de caco que anda na moda mas é só vê-lo no prato que se percebe logo a fama;
Aquele pão das rabanadas feito com todo o carinho das avós que querem ver se os netos muito magrinhos engordam 20 quilos em 2 horas.
Enfim, já perceberam que eu detesto mesmo o gajo, só quero que ele me largue e deixe de me aparecer em cada esquina, em cada supermercado, em casa ao lado da torradeira, nos meus sonhos, nas horas em que as hormonas do apetite pulam, nos momentos em que estou desesparada por comida, nos dias de frio em que o cheirinho a pão acabado de sair acalenta o espírito...ufa, ainda bem que eu detesto pão, se não onde estaria a minha linha.