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Agora a Sério

Um local sério para se falar das coisas sérias de todos os dias. Só para pessoas que se levam muito a sério.

Agora a Sério

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Se as mulheres mandassem no futebol

amaralrita, 17.06.15

Eu sou mulher e não sou fã de futebol. Reviro os olhos de cada vez que os homens ameaçam que vão entrar numa discussão sobre o pé esquerdo do jogador do Benfica e a transferência do jogador do Porto para um clube qualquer da Europa. Estou a escrever isto e só me lembro do nome Jackson Martinez - não faço puto de ideia de quem seja mas tem ganda nome.

 

O que me faz não ser fã de futebol é o facto de ninguém perceber que eu sou uma excelente treinadora de bancada. Eu não vejo futebol mas percebo de várias coisas e todos os comentários que faço são bastante bons. Eu só não vejo muitos jogos porque passo-me da cabeça porque como é que é assim tão difícil 22 homens em campo não conseguirem meter uma bola dentro de uma rede em 90 minutos? Isso dá para arranjar o cabelo, enquanto se pinta as unhas, mete-se uma máscara de beleza no rosto e ainda dar uns golinhos no suminho verde. É só chutar, não percebo o drama.

 

Se as mulheres mandassem no futebol, isto era uma coisa muito mais fácil, os clubes passavam dos 100 pontos, o Ronaldo marcava 3 golos por jogo, o árbitro não fazia o que lhe apetecia, os adeptos só bebiam champagne e se aos 90 minutos e um segundo a nossa equipa estivesse a perder, parava-se o jogo para recomeçar noutro dia, porque eu não vou perder tempo para ver a minha equipa a perder, não é?

 

E se pensam que as mulheres não percebem nada de futebol, tenho-vos a dizer que qualquer mulher que eu conheço fã de futebol punha o Pinto da Costa a chorar no colinho da mamã. Porque nós sabemos imensas coisas (sim, homens, nós sabemos o que é um Fora de Jogo, não precisam de explicar isso pela milésima vez, num bar, com cinco Super Bocks à frente a explicar a táctica da coisa) e se mandássemos nisto tudo, as coisas funcionavam da seguinte forma:

 

Tudo é falta, tudo dava direito a amarelo, até uma festinha na cara;

 

O jogador preferido é aquele que é mais giro. Quando estão a cantar o hino ou nos primeiros cinco minutos, a gente fica com um debaixo de olho e já está, é o melhor jogador do mundo.

 

Ah sim e eles só conseguem ser bonitos dentro de campo, vermelhos e com trinta litros de suor a brilhar no corpo. Se fossemos ver ao perto, continuavam a parecer como o Beckham no Real Madrid com brincos nas orelhas (coitadinho, já passou, pronto).

 

Nós também não olhamos só para um. Nós temos tempo e disponibilidade para inspeccionar toda a equipa, no relvado e no Instagram, porque fã que é fã conhece a equipa a fundo, já que a Sara Carbonero é tão importante quanto o Casillas.

 

Nós torcemos pela equipa e somos tão tão tão fiéis que parte-nos o coração quando os jogadores perdem a cabeça e fazem um corte de cabelo horrível. Se eu fosse casada com ele, a ver se ele fazia destas coisas, é o que eu penso;

 

Nós damos instruções claras - passar a bola para quem está sozinho mas os homens seguem a manada e depois admiram-se que perdem a bola. Mas porque é que é que não mandam a bola para onde não está ninguém?

 

Ninguém se arma em Rei da Selva e enfrenta dez defesas sozinho. Parem de ser o Tarzan e querer passar por cinco macacos com a bolinha nos pés. Filho, nós adoramos-te, mas não és o Ronaldinho, pára com isso;

 

A bola só serve para chutar, e não para dar beijinhos e festinhas. 20 minutos de jogo e ainda não há golos? Os milhões de euros gastos em Ibiza têm de passar recibo no campo;

 

Se a equipa estiver a perder por três golos, paramos o jogo, ligamos ao Ronaldo, esperamos que ele chegue, damos dez minutos de compensação e esperamos que ele resolva a palhaçada. Se ele não puder, esperamos pelo Neymar, mas nada de Messis.

 

Se faltarem dez minutos para o final e estamos a perder, tudo passa a ser penalty: penalty a meio campo, penalty na lateral, penalty quando roçam as pernas, penalty quando um jogador parece que vai cair no chão. Só pedimos um penalty, não custa muito;

 

Se for auto-golo, depois de anularmos obviamente, temos duas hipóteses: se for um guarda-redes fofinho, ainda lhe puxamos a moral, se for o Casillas é olho da rua.

 

O árbitro é o Diabo: cego, surdo, mudo, estrábico, esquizofréncio, disléxico, com problemas de fígado e com uma mulher feiosa que usa botox há décadas. Não serve para nada, claro;

 

 

Se a FPF me quiser contactar para mudarmos as regras do jogo, eu dou os conselhos de borla, que não quero ser presidente nem ter bilhetes - apenas quero um serviço especial com motorista quando a Segunda Circular entupir para não ficar presa no trânsito.

Uma Ode às Amigas

amaralrita, 25.05.15

Ter uma amiga é uma coisa. Ter uma melhor amiga é outra. E ter trezentas melhores amigas é que não aconselho a ninguém porque dão-me cabo da cabeça. Mas eu tenho-as muito em conta porque elas têm a maior virtude de todas neste mundo, que é aturar-me. Claro que fazem de bom grado e entusiasmo porque adoram a minha companhia mas admito que às vezes deve-lhes apetecer atirar-me para o rio Tejo com as coisas parvas que digo e faço. Enfim, não há relações perfeitas.

 

Ter melhores amigas é algo que só as mulheres percebem. As amizades entre homens são uma cena muito descontraída, fácil e sempre sincera e eles não percebem como é que andamos à chapada num minuto e no outro já estamos a pedir roupa emprestada umas às outras. Sorry, amigos, mas quando a vossa namorada e a amiga se zangam, não tentem ser o mediador da coisa, porque lá está, vocês não percebem nada disto.

 

Uma amizade entre mulheres é uma aventura todos os dias. As amigas marcam café contigo nos piores dias e nas piores horas e quando reclamas mandam-te à merda: "olha tenho lá culpa que andes na má vida. Vens hoje, bebes uma caipirinha e voltas à hora que eu quiser, se não vais a pé".

 

As amigas arrastam-te para aquele novo ginásio, vão contigo uma semana e depois ligam-te a dizer que podem ir tomar café depois da aula de Zumba, que ela esqueceu de avisar que não ia 5 minutos antes de a aula começar:

Eu: "Olha, agora é que me ligas?"

"Desculpa não consegui, como foi a aula?"
"Achas que eu fui? Fiz dez minutos de passadeira e fui-me embora". Solidariedade com aqueles que falham, sempre.

 

As amigas saem à noite contigo, aturam-te bêbada (ou tu aturas), agarram-te no cabelo quando achas que estás naquele momento e começam a elaborar um plano para te deixarem no canto de um bar qualquer e irem à vidinha delas. Quando tu estás mesmo mal e já não há escapatória possível, começam a acreditar em Deus e a rezar que tu não tenhas outro ataque no carro.

 

As amigas dizem que vão começar a fazer dieta e que precisam de companhia, mas todos os dias convidam-te para ir jantar ao Honorato do Mercado da Ribeira. É que o molho de batatas fritas é tão bom, amanhã ficamos duas horas no ginásio (a fazer a aula de zumba, né?)

 

As amigas dizem para irmos à Primark todos os fins-de-semana mas depois não querem experimentar nada ou experimentam cinquenta coisas e não levam nada. Mas depois eu levo porrada por ir às compras: "ah sua pega, onde é que compraste aquela mala? Vê lá se me chamaste. Vais-me emprestar isso no jantar de sábado". (ah, suas pegas, reclamam de tudo mas depois fazem choradinho para pedir emprestado, suas falsas).

 

As amigas acham-se no poder de decidir a tua vida sentimental: "Oh, ele até nem é feio. É mais giro que o teu ex, mas isso também não é difícil. Então e o outro não disse mais nada? Caga nele, que esse deve arranjar uma amiga todas as semanas. Ah e viste que aquele que conheceste na semana académica do ano passado meteu Like no teu Instagram? Ui esse quer festa, de certeza. Epá, tens de arranjar alguém, manda mensagem a este e marca um café". Conclusão, não contem nada às amigas.

 

Mas lá no fundo, é tão bom ter amigas pelos momentos mais estúpidos que passas com elas: a cantar coisas no meio da rua, a ligar em desespero a perguntar o que vai levar vestido para sair à noite, a fazer concursos a ver quem fica mais bronzeada, a trocar roupas para experimentar numa ida às compras, a fazer apostas parvas numa noite de copos. 

Ainda ontem disseram-me uma coisa que ando a reparar todos os dias: "tens boas amigas". Não são boas amigas, são as melhores.

Há meninas e mulheres

amaralrita, 20.05.15

Vamos estabelecer já uma coisa: eu sou feminista a 100%, já não tenho medo de o dizer e faz-me urticária mulheres dizerem que não o são. Então acham que as mulheres e os homens devem ser iguais? Pronto são feministas, fim do debate, já podemos começar este post a sério então.

 

Como eu estava a dizer, eu sou feminista, adoro ser mulher mas às vezes as mulheres chateiam-me. Não é para estar a ser má (até é, vá) mas as mulheres sujeitam-se a tanta coisa parva que parece que estamos a chamar a atenção. Estamos mesmo a pedir que digam que somos o sexo fraco. Não estou a dizer para todas sermos marias-rapazes todas fortes porque cada uma sabe de si. Mas, sei lá, estou a ter a ideia maluca de que podíamos ser mais descontraídas, mais confortáveis com os nossos defeitos, menos cocózinhas quando alguma coisa de mal acontece.

Quer dizer, não são as mulheres, são as meninas, porque as mulheres a sério nem se preocupam com estas cenas porque mulheres a sério fazem o que lhes bem apetece e o mundo que fique sentadinho à espera que elas se importem com as suas críticas.

Porque aqui está a diferença entre ser menina e ser mulher:

 

Meninas choram quando partem uma unha. Mulheres culpam a mulher da manicure pelo verniz gel estar mal feito.

Meninas morrem para o mundo quando têm o período. Mulheres tomam 50 trifenes enquanto fazem o pino para ver se as dores passam.

Meninas pedem um cheeseburguer com uma Coca-Cola Zero. Mulheres reclamam pela Coca-Cola normal não vir fresca e pelas fatias de bacon do hamburguer não estarem bem fritas.

Meninas ficam 3 horas a escolher a roupa de manhã. Mulheres calçam as meias de olhos fechados com a torrada na boca.

Meninas vão traumatizadas para a praia porque a parte de cima do bikini não combina com o cabelo. Mulheres vestem o bikini de há três verões atrás porque ainda serve.

Meninas querem ter 20 tops todos diferentes. Mulheres têm cinco camisolas brancas e mais cinco em cores diferentes.

Meninas não querem parecer mal se não calçarem um salto alto de 20 cm. Mulheres perdem-se de amores por sabrinas.

Meninas demoram 15 minutos a vestirem as skinny jeans. Mulheres gostavam de poder andar com as calças do pijama todos os dias.

Meninas vão as compras experimentar os novos batons da moda. Mulheres passam-se com a senhora da loja por já ter descontinuado o batom que usam há uma década.

 

Podia ficar aqui anos e anos a discutir esta questão mas acho que já perceberam a ideia. Se alguém se sentir ofendido, então que repense bem se já não está na hora de deixar de ser menina e começar a ser mulher. Vão ver que vão aproveitar mais a vida.