Fenómenos de Verão
Estamos a meio de Julho, parece que já não vem chuva nenhuma, o Algarve já está a bombar logo é mesmo Verão, não é?
Pronto, é agora que começa a minha depressão de quando-é-que-começam-as-minhas-férias. Mas enquanto isso não acontece, lá temos de viver o Verão em Lisboa, o que levanta algumas peripécias, que não têm piada nenhuma. Até a minha ironia (ou melhor, honestidade pura) deixa de estar tão engraçada com estas temperaturas, com esta moleza de que nada acontece:
- Sentar e levantar da cadeira com vestido ou saia é fantástico para se ficar com uma leve camada de suor nas pernas. Di-vi-nal;
- Sair de casa e passado uma hora querer trocar a roupa encharcada de suor também é uma sensação de outro mundo;
- Deixar o cabelo secar ao natural é bastante eficiente: ele fica tão tão tão seco que vira palha;
- Fazer a depilação nas pernas e três dias depois já está tudo na mesma. Ser mulher é difícil.
- Ficamos castanhos na pele e castanhos nos pés: usar sandálias é sinónimo de pés sujos, secos, suados, com bolhas e feridas e restos de verniz mal pintado. Blheca.
- Os homens importantes lá continuam a utilizar fato E gravata. Chama-se exercício passivo e lá se vão três quilos.
- Quer ir àquela esplanada gira? Está cheia. Quer ir àquele café mais escondido? Já fechou para férias. Quer ir finalmente sair à noite? Está tudo em Vilamoura. Mais vale ir com os primos bebés ao parque e levar o último livro do Nicholas Sparks.
- A única coisa que se pode safar é os jantares e os festivais de verão e as barraquinhas de comida na rua. Mas não sei se me faz bem ao ego ouvir: "olha vamos marcar café? Voltei hoje do Algarve, que é que se faz por cá?".
- Ir para a praia é só ao fim-de-semana e vamos todos motivados até que vemos a fila para a ponte. Vai ser uma sorte encontrar um lugar no meio de famílias que montam um estaminé que rivaliza as melhores rulotes dos parques de campismo.
- Por falar em Parques de Campismo, ter férias perto da capital é sinónimo de virar bicho do mato. É literalmente ir uma semana para o mato.
- Beber água é pior que respirar. Parece que temos de andar com um garrafão de cinco litros atrás.
Fica assim este post como aconchego para as alminhas que espalham o não bronze pela Baixa ao lado de ingleses com bronze de lagosta a gastarem notas de 50 em gelados do Santini enquanto comentam que voltaram do Allgarve. Vidas tristes.