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Agora a Sério

Um local sério para se falar das coisas sérias de todos os dias. Só para pessoas que se levam muito a sério.

Agora a Sério

Um local sério para se falar das coisas sérias de todos os dias. Só para pessoas que se levam muito a sério.

A Rita no supermercado

amaralrita, 31.01.16

Entrar no supermercado começa com o pensamento: "vou SÓ buscar isto, isto e aquilo" e depois começa a saga:

 

- Andar às voltinhas, a passear, porque é giro;

- Procurar bananas: onde é que estão as bananas? Como assim não há bananas neste sítio?

- Não desistir de encontrar as bananas: andar às voltinhas em toda a zona de fruta;

- Bem não se encontram as bananas, logo podemos ir para a caixa;

- Mas antes temos de passar pela zona saudável;

- Ficar mais 10 minutos a olhar para as coisas;

- Pegar em três ou quatro coisas porque o saudável calha sempre bem;

- Mas depois deixar tudo na prateleira;

- Quer dizer, umas tortilhas de milho fazem sempre falta (e toca a pôr as tortilhas no cesto);

- Agora sim vamos para a caixa;

 

Espera, vamos voltar...Porque eu posso não ter visto bem as bananas

- Voltamos mas as bananas não apareceram por milagre (por acaso alguém sabe do milagre da multiplicação das bananas? Preciso disso!);

- E estamos na caixa à espera;

- E já que estamos à espera abrimos a carteira;

 

UPS! Abrimos a carteira e não há o cartão.

- COMO ASSIM NÃO HÁ CARTÃO?

- ONDE ESTÁ O CARTÃO?

- Como assim deixei cartão em casa?

- Como é que vou pagar as compras?

 

Bem vamos ter de deixar as compras. Mas é domingo à tarde e um ser humano como eu não consegue viver sem queijo. Sim, porque mais importante que as bananas que não levámos só mesmo o queijo.

Começa-se a desenhar um plano mirabolante na cabeça: e se fosse a casa buscar o cartão? Eish mas assim tinha de fazer as compras todas de novo... mas e se eu deixasse o cestinho num sítio? Ninguém ia notar!

 

Assim, escondemos o cestinho num corredor e voltamos para casa, a pé, porque estamos tãaaao relaxadas, temos toooodo o tempo do mundo;

- E vamos buscar uma amiga porque para a parvoíce é sempre bom ter companhia;

- Pegamos no carro e voltamos ao continente;

- Mas antes bora passar pelo Celeiro para buscar chocolates;

- Voltamos ao Continente e............o cestinho está lá, com todas as compras (gé-ni-o, eu sou um gé-ni-o);

- Agora é só ir para a caixa, não é?

 

(Mas a caminho da caixa...)

- Epá, porra, mas como é que não há bananas? Tipo há bananas o ano inteiro! Como é que quando eu preciso de bananas elas não existem?

- Dar mais voltinhas à zona da fruta - mas já agora levo tomates;

- AGORA SIM VAMOS PARA A CAIXA!

- Geez, onde é que eu meti o cesto?

- Ah, lá está ele, bora lá, siga que já deve ser meia-noite;

- Ir pelo meio dos congelados e, já agora, abrir uma arca e levar brócolos;

- "Oh, Rita, tens de fechar a arca antes de ires né?" Vêem porque é que eu trago companhia? Dá sempre jeito!

- Estar na caixa, passar tudo muito rápido, meter no saco;

- Merda, esqueci-me de pesar os tomates;

- Correr para pesar os tomates;

- Correr para a caixa;

- Passar tudo, passar o cartão, por tudo no saco que não cabe;

- Sair do continente com a chave do carro ao pescoço e com um quilo de bróculos congelados debaixo do braço.

 

Eu sei o que devem estar a pensar, meus caros, mas as conclusões são simples: nunca se esqueçam de pesar os tomates e o mito das bananas o ano inteiro é a mais pura das mentiras. Ah e nunca percam o carrinho (ou o cartão).

 

Telefonemas

amaralrita, 18.01.16

Certo dia telefonam-te:

 

- Olhe eu estou reformada da banca e vi num anúncio que vocês estavam à procura de uma voz off.

- Num anúncio? Peço desculpa mas nós não colocamos anúncios

- Ah não? Ah é que me apareceu agora aqui um alerta...no Jogue Rápido.com

- Pois, minha senhora, mas não colocámos nenhum anúncio

- Mas já agora gostava de saber é que sabe eu sou reformada da banca e sempre me interessei pelas artes, pela representação... é que até no meu trabalho me reconheciam logo pela voz e disseram que eu tinha jeito para fazer rádio e então agora que estou reformada gostava de experimentar, de fazer coisas, que isto uma pessoa estar parada não dá com nada...mas então não andam à procura é?

- Podemos sempre ficar com o seu contacto, pode-nos enviar um email com algumas demos...

- Com umas quê?
- Demos, demonstrações de voz

- Ah não tenho isso...

- Já alguma vez trabalhou em locuções profissionais?

- Ah não, não, eu só tenho experiência na banca e os meus amigos e toda a gente lá do trabalho diziam que eu tinha muito boa voz, mas eu não tenho nenhum audio, se quiserem eu posso ir aí ter convosco e gravar e vocês vêem, é que eu moro mesmo aqui ao lado, é a Rua x, não sei se está a ver, é mesmo aqui na esquina.

- Minha senhora, nós só trabalhamos com locutores profissionais

- Ah só com locutores profissionais, então é preciso ter experiência não é? Fazer rádio ou assim não é?

- É, sim

- Ah pois sabe eu queria começar a experimentar a fazer novas coisas e como sempre me disseram que tinha boa voz eu queria começar a fazer alguma coisa, para me entreter, para estar ocupada, mas eu nunca fiz rádio...am...pois, pois, sendo assim, nem vale a pena gravar não é?

- Pois, penso que não, minha senhora.

- Ah ta bem então, olhe muito obrigada pela ajuda e desculpe a maçada.

 

O meu primeiro pensamento foi: porque é que isto só me acontece a mim?

O meu segundo pensamento foi: há gente doida no mundo.

O meu terceiro e melhor pensamento foi: fogo, quem me dera estar reformada e ainda ter tomates para fazer telefonemas para arranjar algo com que me entreter.

 

É que fazer figura de parva não é o mesmo que ser parva. E eu continuo a ser parva por não ser um pouco mais como esta senhora.

 

 

Eu bem te disse

amaralrita, 11.01.16

Situação.

 

Vocês pedem a alguém para fazer algo:

- Quero que me faças esta imagem, assim e assado

- Olha que não sei se assim fica bem

- Não sei, foi assim que me pediram para fazer

- Pois, mas assim não fica bem. É uma frase demasiado longa.

- Então e se só colocares metade?

- Metade não! Ou é toda ou não pomos nada.

- Então mas essa informação tem de ir na imagem.

- Se calhar não tem, metes isso ao lado em texto.

- Mas as informações que tenho é que a imagem tem de ter essa frase.

- Pois mas assim fica mal, ou metemos menos ou não metemos nada.

- Pois, está bem, então tenta como estás a dizer.

 

(fazendo a imagem e enviando para o boss)

 

- Isto não está nada como eu pedi, porque é que meteste só metade? Ela não te enviou a informação toda?

- Ela enviou sim, mas assim fica mal.

- Não fica nada mal, mete como eu pedi no email.

 

E chega aquele momento em que tu queres explodir na cara da pessoa, apontar o dedo, e fazer a danças das cadeiras, a gritar em plenos pulmões, VÊS, VÊS, EU BEM TE DISSE! FAZ COMO EU DIGO! TOMAAA! EU TENHO RAZÃO! NHEN NHEN NHEN NHEN NHEN

...

Mas não.

Ficamos calados, celebramos por dentro.

Porquê?

Porque somos adultos fofinhos que não se riem das asneiras dos outros.

 

Ai, ai, quando é que eu passei a ser uma pessoa séria?

Resoluções para 2016

amaralrita, 04.01.16

Ano novo, vida nova, cenas novas- e por isso é altura de pedirmos que todos os nossos desejos se concretizem.

 

Aqui fica os meus:

 

- Comer chocolates e não engordar (a ver se é este ano que o milagre acontece)

- Menos greves do metro

- Menos autocarros sem música ao vivo em altifalantes

- Menos virgulas e nos sitios certos

- Menos vídeos de gatos

- Mais ténis

- Mais salmão porque nunca é de mais

- Menos crises hormonais que atacam a despensa

- Menos fotos de comida no instagram, só as saudáveis

- Mais dinheiro para concertos

- Mais concertos perto de casa

- Menos pessoas a irem a concertos para não se esgotar tudo nas primeiras horas

- Mais Sombersby baratas

 

E menos asneiras...ou talvez mais asneiras...porque o blogue sobrevive disso.