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Agora a Sério

Um local sério para se falar das coisas sérias de todos os dias. Só para pessoas que se levam muito a sério.

Agora a Sério

Um local sério para se falar das coisas sérias de todos os dias. Só para pessoas que se levam muito a sério.

O Síndrome das Quatro da Manhã

amaralrita, 29.05.15

Todo o ser humano lida com o sono e cada um de nós tem a sua relação com ele.

 

Em crianças não gostamos de dormir, o mundo é demasiado interessante para pararmos 8 horas para descansar. Quando somos adolescentes, ainda pior, dormimos o suficiente para a próxima bebedeira. E em adultos percebemos que a nossa caminha é o sítio mais bonito do mundo, que coloca qualquer praia das Maldivas a um canto. Enroscarmo-nos no endredón num dia de inverno é como chegar ao paraíso. Isso e quando viramos a almofada para ficarmos com a cara fresca. E quando estamos fora uma semana e a cama do hotel era boa mas não tinha aquele aconchego? Aaaaah tão bom!

 

Eu amo a minha cama mas ultimamente não nos temos dado muito bem. Já estamos naquela altura do ano em que nos vemos menos vezes, eu encontro-me com ela tarde e a más horas, e levanto-me logo sem lhe dar beijinhos e abraços. Mas se noutros tempos ela calava-se e não reclamava, agora faz-me a vida negra da pior maneira.

Não sei bem porquê mas todos os dias acordo as quatro da manhã para ver as horas. Posso-me ter deitado à uma da manhã, às onze da noite, posso estar a morrer de cansaço ou sem sono nenhum mas não falha: todos os dias, parece que tenho um chamamento divino, acordo, abro os olhos, vejo as horas, percebo que é demasiado cedo e volto a dormir. Mas quando eu digo acordar é mesmo acordar, olho aberto lindo e estusiasmado para começar o dia.

 

E o que mais me irrita nesta história toda é porquê as quatro da manhã? Não podia ser tipo à uma ou às três? Porque não dez minutos antes do alarme? Quatro da manhã é tão sem sentido. Nem é carne, nem é peixe, nem tofu, nem soja, nem nada. É que é aquela hora que ninguém liga mas o meu cérebro tem uma paixão louca por ela. Enfim, qualquer coisa já sabem: se querem desabafar, às quatro da matina estou super disponível.

Vamos lá perceber o tomate da coisa

amaralrita, 27.05.15

Isto só me acontece a mim, mas eu adoro que aconteça porque assim conto-vos e podemos matar o mundo em colectivo.

 

Outro dia estava eu (qualquer história contada por um português começa assim) a fazer scroll no LinkedIn quando encontro esta frase inspiradora:

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Eu pensei: "TAU, grande frase, muito bem explicada, aquela ideia simples mas eficaz que toda a gente fica a perceber. Nem é daquelas frases meio lamechas, meio parvas, que só apetece suspirar pelas alminhas que as postam de cinco em cinco minutos no Instagram. Não, isto é uma frase a sério para pessoas com cabeçinha. Fantástico vou guardá-la."

 

Até que vejo os comentários e aparece mais uma frase escrita por alguém que tem toda uma luz divina a iluminar-lhe a aura todos os dias: "Botanicamente o tomate é um fruto porque tem isto e assado e é menos doce que a fruta e por isso é que é usado em saladas normais".

 

Mas porquê? Porque é que temos de estragar a magia da coisa? Porque é que tinham de mandar aquele comentário inteligente? Até uma smiley face era mais inteligente. Qual é o problema de se manterem no contexto? Qual é o problema de perceberem que isto nada tem a ver com tomates? Porque é que no meio desta frase toda o que as pessoas discutem é os tomates? Eu viro toda Dexter com estas coisas porque devia haver uma disciplina na primária entitulada "Boas Práticas nas Rede Sociais", principalmente o módulo "Comentários: quando, onde e porquê".

 

Ainda bem que estamos a chegar ao Verão que é para ir para a praia e não ter de aturar estas coisas.

Uma Ode às Amigas

amaralrita, 25.05.15

Ter uma amiga é uma coisa. Ter uma melhor amiga é outra. E ter trezentas melhores amigas é que não aconselho a ninguém porque dão-me cabo da cabeça. Mas eu tenho-as muito em conta porque elas têm a maior virtude de todas neste mundo, que é aturar-me. Claro que fazem de bom grado e entusiasmo porque adoram a minha companhia mas admito que às vezes deve-lhes apetecer atirar-me para o rio Tejo com as coisas parvas que digo e faço. Enfim, não há relações perfeitas.

 

Ter melhores amigas é algo que só as mulheres percebem. As amizades entre homens são uma cena muito descontraída, fácil e sempre sincera e eles não percebem como é que andamos à chapada num minuto e no outro já estamos a pedir roupa emprestada umas às outras. Sorry, amigos, mas quando a vossa namorada e a amiga se zangam, não tentem ser o mediador da coisa, porque lá está, vocês não percebem nada disto.

 

Uma amizade entre mulheres é uma aventura todos os dias. As amigas marcam café contigo nos piores dias e nas piores horas e quando reclamas mandam-te à merda: "olha tenho lá culpa que andes na má vida. Vens hoje, bebes uma caipirinha e voltas à hora que eu quiser, se não vais a pé".

 

As amigas arrastam-te para aquele novo ginásio, vão contigo uma semana e depois ligam-te a dizer que podem ir tomar café depois da aula de Zumba, que ela esqueceu de avisar que não ia 5 minutos antes de a aula começar:

Eu: "Olha, agora é que me ligas?"

"Desculpa não consegui, como foi a aula?"
"Achas que eu fui? Fiz dez minutos de passadeira e fui-me embora". Solidariedade com aqueles que falham, sempre.

 

As amigas saem à noite contigo, aturam-te bêbada (ou tu aturas), agarram-te no cabelo quando achas que estás naquele momento e começam a elaborar um plano para te deixarem no canto de um bar qualquer e irem à vidinha delas. Quando tu estás mesmo mal e já não há escapatória possível, começam a acreditar em Deus e a rezar que tu não tenhas outro ataque no carro.

 

As amigas dizem que vão começar a fazer dieta e que precisam de companhia, mas todos os dias convidam-te para ir jantar ao Honorato do Mercado da Ribeira. É que o molho de batatas fritas é tão bom, amanhã ficamos duas horas no ginásio (a fazer a aula de zumba, né?)

 

As amigas dizem para irmos à Primark todos os fins-de-semana mas depois não querem experimentar nada ou experimentam cinquenta coisas e não levam nada. Mas depois eu levo porrada por ir às compras: "ah sua pega, onde é que compraste aquela mala? Vê lá se me chamaste. Vais-me emprestar isso no jantar de sábado". (ah, suas pegas, reclamam de tudo mas depois fazem choradinho para pedir emprestado, suas falsas).

 

As amigas acham-se no poder de decidir a tua vida sentimental: "Oh, ele até nem é feio. É mais giro que o teu ex, mas isso também não é difícil. Então e o outro não disse mais nada? Caga nele, que esse deve arranjar uma amiga todas as semanas. Ah e viste que aquele que conheceste na semana académica do ano passado meteu Like no teu Instagram? Ui esse quer festa, de certeza. Epá, tens de arranjar alguém, manda mensagem a este e marca um café". Conclusão, não contem nada às amigas.

 

Mas lá no fundo, é tão bom ter amigas pelos momentos mais estúpidos que passas com elas: a cantar coisas no meio da rua, a ligar em desespero a perguntar o que vai levar vestido para sair à noite, a fazer concursos a ver quem fica mais bronzeada, a trocar roupas para experimentar numa ida às compras, a fazer apostas parvas numa noite de copos. 

Ainda ontem disseram-me uma coisa que ando a reparar todos os dias: "tens boas amigas". Não são boas amigas, são as melhores.

Eu Já Não Me Preocupo

amaralrita, 22.05.15

Vivemos em tempos difíceis que nos fazem preocupar com tudo: a casa, o trabalho, a família, o dinheiro, os amigos, o carro, a dieta, o ginásio, o gato, o piriquito, o filho, a mãe, a vizinha...enfim, não existe ser humano que leve um dia nesta terra sem uma única preocupação.

Mas depois há aquelas preocupações que nos irritam solenemente e que não acontecem só uma vez. Acontecem sempre e nós caimos na asneira de tentarmos de novo. Porque somos humanos e acreditamos que a próxima vez é sempre melhor. Mas não é e ficamos irritados de novo, como sempre.

Mas eu já ultrapassei essa fase. Eu encontrei o meu nirvana e livrei-me dos nervos do comum dos mortais. Deixei de me preocupar, pura e simplesmente. Deixei de gastar neurónios nisso, de perguntar repetidas vezes "porquê, porquê?"

 

Eu não me preocupo...

 

...com a queda de asteróides: caem sempre nos Estados Unidos, não há problema;

 

...com ameaças de bomba. Queridos portugueses, ninguém sabe que este país existe, ok?

 

...em correr para o metro: ou ele está em greve ou atrasado 12 minutos, mais vale andar;

 

...em pedir sundaes de chocolate no McDonalds. Eles metem sempre o chocolate no topo e aquilo fica mal distribuído, mais vale comer Sundae Natura;

 

...em tentar levantar notas de 5 euros no multibanco, isso era em 2000;

 

...com aquelas pessoas que passam o passe no ecrã em vez de no sítio certo, em baixo. Eduquem-se, leiam mais;

 

...em pedir bifes mal passados. Ninguém sabe distinguir mal passado do cru;

 

...em discutir com o motorista da Carris que está atrasado. L-O-L.

 

...em por gasolina no carro quando chega à reserva. Ele é um choninhas, que aguenta mais uns quilómetros na boa.

 

...em acreditar que a Zon/Nós vai tornar o Wi-Fi lá de casa mais rápido. Sim, a esperança já morreu há muito tempo.

 

...em experimentar roupa na Primark. Agarrar na roupa, pagar, experimentar em casa, devolver. Já está.

 

...em procurar lugar no piso -1 do parque de estacionamento do Vasco da Gama. Truques de quem já é cliente vitalício.

 

...esperar pelo 28 na Gare do Oriente. Ia e voltava a casa a pé e ainda estaria à espera dele.

 

 

Se seguirem estes passos, vão encontrar a paz interior, a luz branca que vai erradiar a vossa vida e tornar tudo mais zen. Sayonara, meus caros.

Há meninas e mulheres

amaralrita, 20.05.15

Vamos estabelecer já uma coisa: eu sou feminista a 100%, já não tenho medo de o dizer e faz-me urticária mulheres dizerem que não o são. Então acham que as mulheres e os homens devem ser iguais? Pronto são feministas, fim do debate, já podemos começar este post a sério então.

 

Como eu estava a dizer, eu sou feminista, adoro ser mulher mas às vezes as mulheres chateiam-me. Não é para estar a ser má (até é, vá) mas as mulheres sujeitam-se a tanta coisa parva que parece que estamos a chamar a atenção. Estamos mesmo a pedir que digam que somos o sexo fraco. Não estou a dizer para todas sermos marias-rapazes todas fortes porque cada uma sabe de si. Mas, sei lá, estou a ter a ideia maluca de que podíamos ser mais descontraídas, mais confortáveis com os nossos defeitos, menos cocózinhas quando alguma coisa de mal acontece.

Quer dizer, não são as mulheres, são as meninas, porque as mulheres a sério nem se preocupam com estas cenas porque mulheres a sério fazem o que lhes bem apetece e o mundo que fique sentadinho à espera que elas se importem com as suas críticas.

Porque aqui está a diferença entre ser menina e ser mulher:

 

Meninas choram quando partem uma unha. Mulheres culpam a mulher da manicure pelo verniz gel estar mal feito.

Meninas morrem para o mundo quando têm o período. Mulheres tomam 50 trifenes enquanto fazem o pino para ver se as dores passam.

Meninas pedem um cheeseburguer com uma Coca-Cola Zero. Mulheres reclamam pela Coca-Cola normal não vir fresca e pelas fatias de bacon do hamburguer não estarem bem fritas.

Meninas ficam 3 horas a escolher a roupa de manhã. Mulheres calçam as meias de olhos fechados com a torrada na boca.

Meninas vão traumatizadas para a praia porque a parte de cima do bikini não combina com o cabelo. Mulheres vestem o bikini de há três verões atrás porque ainda serve.

Meninas querem ter 20 tops todos diferentes. Mulheres têm cinco camisolas brancas e mais cinco em cores diferentes.

Meninas não querem parecer mal se não calçarem um salto alto de 20 cm. Mulheres perdem-se de amores por sabrinas.

Meninas demoram 15 minutos a vestirem as skinny jeans. Mulheres gostavam de poder andar com as calças do pijama todos os dias.

Meninas vão as compras experimentar os novos batons da moda. Mulheres passam-se com a senhora da loja por já ter descontinuado o batom que usam há uma década.

 

Podia ficar aqui anos e anos a discutir esta questão mas acho que já perceberam a ideia. Se alguém se sentir ofendido, então que repense bem se já não está na hora de deixar de ser menina e começar a ser mulher. Vão ver que vão aproveitar mais a vida.

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