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Agora a Sério

Um local sério para se falar das coisas sérias de todos os dias. Só para pessoas que se levam muito a sério.

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O meu novo cabide

amaralrita, 08.02.16

É daqueles episódios em que discordam de mim e depois vai-se a ver e tenho razão - e esse é um dos momentos mais felizes da minha vida.

 

É preciso comprar um novo armário para o quarto porque uma pessoa cresce e precisa de espaço para por a roupa. Eu sempre disse «vamos comprar um daqueles cabides com rodas que existem nas lojas, assim é só ter a roupa à mostra e utilizamos tudo à mesma».

 

Mas nunca me ligaram, nunca quiseram saber da minha ideia, preferiam gastar horas no website do IKEA a ver soluções quadradas, de madeira, armários grostescos que nada de moderno tem.

Eu queria algo fresco, simples, económico. Mas ninguém me ouviu.

Até que o armário pifou. O corrimão onde se prendia a roupa caiu com o peso. E foi assim, de repente, num domingo à noite.

 

Pronto e agora temos quilos de roupa para pendurar e as coisas não podem ficar assim.

O que se faz então?

Vai-se ao espaço casa comprar um cabide...o cabide que a Rita sempre disse que era melhor comprar...o cabide que é prático e barato.

É SÓ UMA SOLUÇÃO TEMPORÁRIA, disseram, porque o armário do IKEA ia ser comprado. Aquilo não era a solução para o problema do armário.

 

Mas eu já não queria ligar. Montaram aquilo no meu quarto e eu não quero outra coisa. Namoro-o todos os dias que olho para a minha roupa. É lindo, é perfeito, é da moda, é de cinema, é de parecer que entro no quarto e estou no armário privado da Vogue, é parecer que tenho mais roupa do que o normal, é parecer que estou na loja de roupa a comprar coisas, é parecer que até tenho roupa de jeito.

 

Isto já dura há duas semanas e no outro dia, ao deitar, tive a realização dos meus sonhos. «Olha, tinhas razão, foi uma boa compra. Isto até dá jeito».

 

Por isso aqui fica o meu conselho para todas as mulheres: lixem o armário e comprem uma coisa destas, que não há coisa mais linda do mundo.

 

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Saldos

amaralrita, 29.06.15

Hoje é dia 29 de Junho e já recebi uns três ou quatro emails a anunciar os Saldos de Verão e as lojas já estão todas equipadas para a selva que vem aí. Sim estamos em Junho ainda e já há saldos há mais de uma semana.

 

Há apenas três coisas que vou dizer sobre este assunto:

 

1. No meu tempo os Saldos só começavam dia 15 de Julho. Depois passaram a começar oficialmente dia 15 de Julho, porque como ficámos um bocadinho mais pobres, as pessoas precisavam de uns trapozinhos para irem para o Algarve no final de Junho - e foi assim que apareceram as promoções. O povo ficava doido mas a pura da loucura só começava mesmo com os Saldos oficiais, em que toda a loja se rendia a um espectáculo de feras de fazer inveja ao Cardinali.

Agora já não há datas oficiais de nada, os Saldos é quando as marcas quiserem escoar produto, para chegarmos a Agosto e já haver aquele cantinho a dizer "Nova Colecção", que é nem colecção Meia Estação nem é Colecção Outuno, é apenas um par de peças novas para incentivar o consumo.

 

2. O facto de os Saldos começarem bastante mais cedo só mostra que nós estamos pobrezinhos, desesperados por comprar tudo e não pagar nada por isso. O povo é chique, gosta de andar sempre bem arranjado e não podemos dizer aos amigos e à família que adiem os casamentos, baptizados e despedidas de solteiras só porque aquele vestido lindo de morrer ainda não custa menos de 100 euros. E além disso, o povo está cada vez mais exigente, desde quando é que já se viu uma camisa branca da Primark custar 13 euros? Devia ser seis euros e já é caro. Biquinis a 20 euros? Devia ser três euros a parte de cima e a debaixo um euro e vinte cinco cêntimos.

 

3. Os Saldos começaram mais cedo. Eu não estou preparada para isto. Nem eu nem a minha carteira. Queríamos manter-nos sóbrias por mais uns dias mas está difícil não cair na tentação.

 

Só uma última reflexão: porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê? porquê?

 

Não é Fast Fashion, é Rapid Fashion

amaralrita, 05.05.15

Qualquer mulher sabe que a Zara e a H&M são a sua maior ruína. Então agora que se viraram para o negócio de «vamos vender barato mas melhorar a qualidade» então não há como escapar-se-lhes. São piores que os pombos em Lisboa. Estão em todo o lado, não dá como as evitar.

 

Abaixo destas duas há sempre a Primark, a loja do desenrasca, a loja do «ah custa 10 euros mas é so para levar para aquela saída à noite», a loja do «mais um colar, menos um colar, mais uma mala, menos uma mala, não importa muito». Mas o problema da Primark é que ela é mais matreira do que nós. Ela faz-nos desejar uma coisa mas se voltamos no dia seguinte para a ir buscar, ela já desapareceu. Estamos a começar a Primavera e ela já se está a preparar para o Inverno. Ir à Primark é como jogar ao rato e ao gato: ou se compra logo tudo ou então já não há nada.

 

Mas a Primark só não se torna o maior pesadelo de todos os tempos porque não tem loja online - mas a Missguided e a Boohoo têm. 

 

Descubri através do The Guardian (és o melhor jornal do mundo, para o bem e para o mal) e fui logo investigar. Mal procurei por ténis percebi logo: estou fodida, é desta que vou à falência. É a diversidade, é os sapatos trendy e são os preços estupidamente baratos.

 

 

Como é que não há uma lei a proibir isto?

Como é que não há uma lei a incentivar a criação de mais lojas como esta?

Como é que não há uma lei que proiba os pagamentos online fáceis?

 

Só chego a uma conclusão: este mundo moderno está a andar muito rápido e eu não tenho financiamento para o acompanhar. Ai a minha (pobre) vida!

 

Adeus, calças brancas 38

amaralrita, 21.04.15

É daquelas coisas que não faz sentido. Que me podem explicar e eu não vou entender. Que me vão mostrar estudos científicos e eu mesmo assim não vou acreditar. É que não cabe na cabeça de ninguém.

Então isto é assim. Eu quando tinha 15 anos era magrinha, adorava usar aquelas minhas calças brancas 38 da BSK (e elas estavam largas) e não fazia nada da vida: fingia que corria nas aulas de Educação Física duas vezes por semana, comia todas as porcarias do mundo, se bebesse um copo de água por dia era muito, não sabia o que era chá, não entravam vegetais em casa e passava a vida a comer bananas. Não havia cuidado nenhum mas era magra.

Sete anos depois, houve uma revolução: faço exercício quase todos os dias (e fico a suar), desapareceram os donuts e os croissants, eu e a aveia e o farelo de trigo somos o trio maravilha, não sei o que é comer alguma coisa com manteiga, bebo um litro de água e um litro de chá por dia e o meu frigorífico está cheio de gelatina, morangos, saladas e legumes. E fica agora a pergunta: como é que eu não cabo nas calças brancas 38?

Bem, a verdade é que há uns anos para cá as grandes lojas metem as roupas numa super máquina de lavar e todos os tamanhos diminuem. As minhas calças brancas agora devem ser um 36 a puxar para o 34. E que também isto da idade e das hormonas influencia o peso.

Mas como é que é possível?

Será que há algum ingrediente mágico nos waffles de chocolate que se vendem nas máquinas da faculdade que nos fazem emagrecer?

Será que os sundaes do McDonalds têm cafeína que ajuda na queima de gordura?

Será que as pizzas da Pizza Hut são afinal sem glutén e o queijo derretido é queijo magro?

Será que dar três voltas ao campo de futebol meio-a-correr-meio-a-andar queima mais calorias do que uma aula de spinning? 

Será que a partir dos 20 anos o oxigénio que respiramos começa a contar como calorias?

A sério que não percebo e nunca vou perceber.

Olá, eu sou a Rita e sou Mala-ólica

amaralrita, 06.04.15

Tenho uma confissão a fazer: sou viciada em comprar malas. Eu sou Mala-ólica.

Não deve ser grande surpresa: sou mulher, gosto de fazer compras e nos últimos anos tive o meu despertar para a moda. E como qualquer mulher estou sempre a ganhar e a perder peso, logo os melhores investimentos do mundo são sapatos (sou um perfeito 37, sem peito do pé inchado ou pé largo, comprar sapatos na internet é um dos prazeres da vida!) e malas. 

Oh, as malas.

Toda a gente cá em casa já faz a pergunta "outra mala? mas quantas malas tens?". Todas as semanas sento-me na mesa da sala ao computador e tenho 3 malas ao meu lado, no chão, e usei-as todas numa semana. Porque uma é mais pequena e tem uma alça maior mas a outra dá mais jeito se é para levar muitas coisas. Mas no outro dia ia tomar café com uma amiga e queria levar aquela mala tcharan que comprei na internet. E não nos podemos esquecer que a mochila é a coisa mais prática do mundo para fazer longas caminhadas. 

Sim, admito: tenho um problema com malas. Mas sinceramente todas as mulheres têm um problema com compras, não é? Umas são loucas por sapatos, outras por ténis (ups, guilty again!), outras por lenços de todas as cores e feitios, outras por camisas brancas, outras por saltos altos com mais de 10 cm...eu só sou igual a qualquer outra mulher jovem que se quer pôr bonita, não é?

Mas eu posso explicar, porque o facto de ser apenas Abril e eu já ter comprado 4 malas (!!) tem toda uma história.

Eu faço anos em Dezembro logo tenho a perfeita desculpa para receber mais presentes do que as outras pessoas. Há dois anos, comprei uma mala, a minha irmã deu-me outra no Natal e a minha tia ofereceu-me mais uma. Todas diferentes, mas todas serviam para alguma coisa. Mas pensei para mim «não, isto tem de acabar, no próximo ano, não compro nenhuma mala. 2014 não gasto dinheiro em malas. Ponto».

E meus caros amigos, eu posso dizer que cumpri esta promessa. Em 12 meses do ano, fiz muitas compras mas não gastei dinheiro num shopping bag, numa mochila para os festivais de verão, numa clutch para as saídas à noite. Zero. Nada. RienNothing. Se os outros me ofereceram malas? Ah, mas isso é outra história, é o dinheiro deles, não é o meu, logo não conta.

E, por isso, depois de um ano de celibato pensei que poderia aos poucos voltar à carga mas fazer investimentos em malas específicas e boas. Mas obviamente que a história tinha de correr mal.

Mandei vir a primeiríssima mala da Internet porque já andava à procura de uma mala mais senhora há bastante tempo. Depois de tanta procura lá a encontrei e ela foi usada poucas vezes, porque não a queria estragar no mundo. Foi uma compra simples, rápida, bem pensada e considerando que eu queria uma mala daquelas há quanto tempo, foi uma boa compra. Uma compra clean, por isso estou inocente.

Depois, encontrei uma mochila da Louis Vuitton cá por casa e quis usá-la mais vezes mas estava tão velhinha, tão podre que pensei «se calhar ainda compro uma mochila, porque é chique e dá jeito». E lá mandei vir uma mochila azul escura Long Champ. 

«É LongChamp falsa, então! Mas de longe não se nota! E assim tens uma mochila para as viagens pela Europa, para um concerto de Verão, para um café ao pôr-do-sol. Sim, compra lá isso que vale a pena». Sai a LV, entra a LongChamp e dá imenso jeito.

Só que ela estava a demorar muito tempo a chegar até mim (a culpa é tua, alfândega) e um dia estava a espera de uma amiga minha no Terreiro do Paço, entro na Mango da Rua Augusta e vejo aquela mala preta que queria há meses, aquelas shopping bags simples, sem forma, em que dá para por tudo lá dentro, como se fosse um saco de batatas. E estava 5 euros mais barata.É que não ia deixar escapar! É que meses antes fui de propósito ao Freeport à Mango Outlet buscar o raio da mala e ela não estava lá para me receber. Agora que estava ali à mão de semear e ainda por cima mais barata eu ia dizer que não?

Óbvio que não!

Eu queria-a há meses, ela vai-me durar para toda a eternidade e é uma mala preta, eu podia ir a uma super reunião importante no Four Seasons com um big boss lisboeta qualquer e levar aquela mala que não havia problema nenhum. Não era uma compra, era um investimento para o resto da vida (vamos aprender uma coisa: se uma mala durar mais de 2 anos, ela torna-se uma mala para o resto da vida, mesmo que nunca mais seja usada. Não fui eu que inventei as regras, eu só as pratico!).

Mas o caldo ficou todo entornado neste fim-de-semana de Páscoa. Queria sair de casa, pego no carro, vou ao Dolce Vita, ao outlet gigante do El Cort Inglês e saio de lá com uma mala branquinha linda com flores, uma edição especial do Oscar de La Renta.

Eu repito, eu comprei uma Oscar de La Renta. Eu tenho uma Oscar de La Renta. É uma La Renta low-cost, mas ainda está lá o nome do homem. E eu que estava mesmo a precisar de uma mala branca, uma mala de uma cor leve para este verão, porque a última mala de Verão que eu tive foi uma rafeira cor-de-rosa da Primark. Coitadinha, nem um Verão durou mas eu insisti com ela, porque não ia gastar dinheiro numa mala branca. Mas agora apareceu-me aquela, branquinha, linda, chique, dava com tudo, baratíssima e de um designer fantástico? A mala era mais do que um sonho, mais do que um investimento: a mala era um agora-ou-nunca. 

E pronto, estamos a 6 de abril e eu já tenho quatro malas novas a estrear cada uma melhor do que a outra. E eu ainda queria comprar uma mochila para os festivais de Verão e talvez uma mala a tiracolo para também levar para concertos.

Por favor, alguém que crie uma associação de apoio a pessoas como eu, porque até a minha conta bancária já se quer divorciar de mim. Se tirarem um ano de férias da actividade consumista, por favor, façam um plano de reinserção que se não, dá mau resultado.

 

P.S. - estou-me a sentir mal por ter estes desejos consumistas durante a Páscoa. Para o ano fico quarenta dias sem falar de compras. Ou fazer compras...mas as de supermercado contam, certo?